Setembro é um mês especial, marcado pela cor amarela que simboliza esperança, acolhimento e vida. É também o momento em que olhamos com mais atenção para a saúde mental e para a necessidade de quebrarmos o silêncio em torno de um tema tão delicado: o suicídio. Falar sobre isso ainda é um tabu, mas é justamente o diálogo que pode salvar vidas.

Neste clima de reflexão, tive a honra de estar presente na UNESC, em Criciúma/SC, para conduzir uma palestra sobre a valorização da vida. O encontro reuniu acadêmicos e colaboradores em um espaço de troca e escuta, onde o objetivo maior foi trazer à tona a importância de reconhecer sinais, oferecer apoio e construir, juntos, caminhos de esperança e cuidado.

Conversamos sobre como o suicídio não acontece de forma repentina, mas sim como resultado de uma soma de fatores emocionais, sociais e pessoais. Depressão, ansiedade, sentimentos de desesperança, isolamento, perdas e dificuldades da vida podem se sobrepor de tal forma que a pessoa sente que não há saída. No entanto, antes de qualquer decisão extrema, sempre existem sinais, mesmo que sutis. Mudanças bruscas de humor, frases de desânimo como “minha vida não faz sentido”, afastamento repentino de amigos e atividades, ou até despedidas inesperadas, podem ser pedidos de ajuda disfarçados.

A mensagem central da palestra foi clara: não precisamos ser psicólogos para ajudar alguém em sofrimento. Às vezes, um simples gesto de atenção pode fazer toda a diferença. Perguntar sem medo, escutar sem julgamentos, oferecer companhia e apoio na busca por ajuda profissional são atitudes acessíveis a todos. Em situações de risco iminente, é fundamental não deixar a pessoa sozinha e buscar imediatamente serviços de emergência. O CVV – 188, disponível 24 horas por dia, é um canal essencial de apoio.

Também compartilhamos ferramentas práticas para fortalecer o cuidado no dia a dia. O plano de segurança, por exemplo, ajuda a identificar sinais de crise, lembrar estratégias de autocuidado e contatos de confiança. A chamada caixinha da vida, que reúne lembranças, cartas, fotos e músicas que despertam sentido e alegria, pode ser um recurso simples, mas poderoso, em momentos de vulnerabilidade. E até frases curtas, como “esse sentimento vai passar” ou “eu tenho com quem contar”, podem ser âncoras em meio à tempestade emocional.

Outro ponto essencial da conversa foi a força da comunidade. A prevenção não depende apenas de profissionais de saúde, mas de todos nós. Famílias que cultivam um espaço de diálogo, universidades que promovem rodas de conversa e amigos que enviam uma mensagem de carinho podem ser peças-chave na rede de apoio que sustenta a vida. Sozinhos somos frágeis, mas juntos nos tornamos mais fortes.

O Setembro Amarelo é, portanto, um lembrete de que o suicídio não fala sobre querer morrer, mas sobre desejar acabar com uma dor que parece insuportável. Quando oferecemos escuta, acolhimento e cuidado, ajudamos a transformar essa dor em esperança.

Deixo aqui meu agradecimento especial à UNESC de Criciúma pela oportunidade de abrir esse espaço de reflexão e diálogo. Que esse momento não fique restrito apenas a setembro, mas que se multiplique ao longo de todo o ano, para que possamos seguir promovendo saúde mental, empatia e, sobretudo, valorização da vida.

💛 Falar é preciso. Ouvir salva. Acolher transforma.