No dia 14 de agosto de 2025, o Hospital SĂŁo Donato (Içara/SC) promoveu uma palestra especial dentro da campanha Agosto LilĂĄs, mĂȘs dedicado Ă conscientização e combate Ă violĂȘncia contra a mulher.
O encontro aconteceu Ă s 9h, na Sala de Estudos do HSD, e contou com a participação da psicĂłloga clĂnica e palestrante Monique Romancini (CRP 12/25511), que trouxe reflexĂ”es profundas sobre a temĂĄtica, reunindo dados, conceitos e caminhos de apoio.
O que Ă© o Agosto LilĂĄs?
O Agosto LilĂĄs Ă© uma campanha nacional inspirada na Lei Maria da Penha, sancionada em 7 de agosto de 2006, com o objetivo de mobilizar a sociedade pelo fim da violĂȘncia contra a mulher.
A cor lilĂĄs simboliza respeito, dignidade, coragem e transformação â valores fundamentais na luta por uma vida livre de violĂȘncia.
O que Ă© violĂȘncia contra a mulher?
A violĂȘncia contra a mulher Ă© definida como qualquer ação ou omissĂŁo baseada no gĂȘnero que resulte em sofrimento fĂsico, sexual, psicolĂłgico, moral ou patrimonial, seja no contexto domĂ©stico, familiar ou Ăntimo.
Os principais tipos sĂŁo:
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FĂsica â agressĂ”es corporais;
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PsicolĂłgica â humilhação, manipulação, controle e intimidação;
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Sexual â violĂȘncia ou coação sexual;
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Moral â difamação, calĂșnia, humilhação pĂșblica;
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Patrimonial â controle ou destruição de bens, documentos e recursos financeiros.
đ Em 2024, dados nacionais mostraram que 64% dos feminicĂdios ocorreram dentro da prĂłpria residĂȘncia, reforçando que muitas vezes o lar deixa de ser um espaço seguro.
O ciclo da violĂȘncia
Apresentado pela psicĂłloga Monique Romancini, o modelo do ciclo da violĂȘncia, desenvolvido por Lenore E. Walker, ajuda a compreender como os abusos se repetem:
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TensĂŁo â clima hostil, crĂticas, controle e ameaças.
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AgressĂŁo â explosĂ”es verbais, fĂsicas, sexuais ou patrimoniais.
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âLua de melâ â arrependimento, promessas de mudança, gestos carinhosos que criam uma falsa esperança.
Esse ciclo dificulta que a vĂtima rompa o relacionamento abusivo, pois alterna momentos de medo e de aparente afeto.
ConsequĂȘncias psicolĂłgicas
A violĂȘncia deixa marcas profundas que vĂŁo alĂ©m do fĂsico. Entre os efeitos mais comuns estĂŁo:
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Transtorno de Estresse PĂłs-TraumĂĄtico (TEPT);
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DepressĂŁo e ansiedade;
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Transtorno do pĂąnico;
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DistĂșrbios alimentares e do sono;
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Isolamento social e culpa;
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Pensamentos suicidas.
O papel da Psicologia
Segundo Monique, a atuação psicolĂłgica Ă© essencial para acolher, fortalecer e reconstruir a autoestima da vĂtima. Isso inclui:
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Identificação de pensamentos automåticos negativos;
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Ressignificação das experiĂȘncias;
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Psicoeducação sobre direitos e ciclo da violĂȘncia;
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Treino de habilidades sociais;
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Técnicas para enfrentamento do trauma.
đ âBuscar ajuda profissional Ă© o primeiro passo para quebrar o ciclo e reconstruir a vidaâ, destacou a palestrante.
Como apoiar uma mulher em situação de violĂȘncia
A palestra também orientou sobre o que fazer e o que evitar ao apoiar alguém:
â Escutar com empatia;
â Acreditar na fala;
â Apoiar sem pressionar;
â Orientar sobre serviços de proteção;
â Respeitar o tempo da vĂtima.
â Nunca dizer:
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âVocĂȘ provocouâ;
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âSai dessa, Ă© sĂł quererâ;
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âPensa nos filhosâ;
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âIsso nem Ă© violĂȘnciaâ.
Rede de apoio e denĂșncia
Ă fundamental que a vĂtima e a sociedade conheçam os canais de denĂșncia:
đ Disque 180 â Central Nacional 24h e gratuita
đą CRAM â Centros de ReferĂȘncia de Atendimento Ă Mulher
đź Delegacias da Mulher
đ„ Serviços de saĂșde e assistĂȘncia social
đ§ââïž PsicĂłlogos(as) e grupos de apoio
ReflexĂŁo final
Encerrando a palestra, Monique Romancini reforçou:
đ âRomper o ciclo da violĂȘncia Ă© um ato de coragem individual, mas tambĂ©m uma responsabilidade coletiva. A mudança começa com informação, respeito, apoio e o fim do silĂȘncio.â